31 agosto 2011

Nunca desistir


NUNCA DESISTIR. Parece haver uma conspiração generalizada contra os princípios ético-morais, as realizações nobilitantes, os trabalhos de engrandecimento humano, as obras de benemerência... Fala-se a respeito da violência e da agressividade, dos horrores que se abatem sobre as comunidades, no entanto, sistematicamente, aqueles que repudiam esses comportamentos alienados acomodam-se nos seus interesses e apenas censuram... Sonha-se com um mundo mais feliz e propugna-se, verbalmente, pela transformação sócio-moral da Terra, sem embargo, não se vai além do verbalismo ou dos artigos bem urdidos na imprensa, e pouco vivenciados. Estimula-se o homem ao sacrifício, sem que o sacrifício pessoal assinale a conduta de quem encoraja o outro. Emocionam-se muitos indivíduos diante daqueles que se exaurem no afã de modificar o estatuto das injustiças sociais vigentes, aberrantes e dominadoras. Oferecem-se, então, ao labor de auxílio sob condições que não abdicam, desejando submeter aqueles a quem admiram ao talante das suas opiniões e experiências, desertando, no entanto, com facilidade, passada a emoção, sem o mínimo respeito pela obra em desenvolvimento. Todos sabem que o preço de um ideal custa o sacrifício do idealista, assim como a qualidade de um empreendimento faz-se avaliada pela profundidade do seu conteúdo, no bem que esparge e nas resistências com que suporta todas as forças que se lhe opõem... É. portanto, compreensível que haja dificuldades no desempenho das tarefas de elevação da criatura em particular e da sociedade em geral. O ardor da luta forja o herói e a força da coragem se revela no fragor da batalha. Quem desiste não passa de candidato sem as credenciais de legítimo combatente. Ana Sullivan poderia ter desistido de educar Helena Keller, ante a obstinação negativa dos pais da educanda e dos imensos limites nos quais a menina se encarcerava. Pasteur desistiria, se não tivesse o ideal vinculado à coragem de prosseguir, quando a zombaria tentou expulsá-lo dos laboratórios de pesquisa. Semmelweis poderia ter desistido de buscar a solução para a febre puerperal, em razão de ser expulso da Clínica de Obstetrícia, em Viena, decorrente da intolerância dos seus colegas e do seu diretor. Francisco de Assis tinha tudo para desanimar e desistir no começo, durante e no término da sua obra espiritual. Allan Kardec superou imensas barreiras na Sociedade que fundou em Paris para estudar e divulgar o Espiritismo. Van Gogh, sob tormentos inomináveis, poderia ter desistido da pintura, todavia, prosseguiu. Aleijadinho, sob o estupor do mal de Hansen, possuía todas as condições para refugiar-se na desistência da escultura, apesar disso, permaneceu. A relação dos heróis e santos de ontem como de hoje, anônimos como conhecidos, é infindável. Foi sobre a perseverança deles que o progresso estabeleceu as suas bases vigorosas para abençoar o presente e felicitar o futuro. Não esperes de um mundo conturbado e de homens imperfeitos melhor tratamento, além das refregas que se impõem à tua evolução. Insta no bem, porquanto não és diferente deles, de modo a exigires o que lhes negas, quando eles esperam receber de ti apoio e compreensão. É fácil desistir, enquanto perseverar é desafio que merece aceitação. Quem abandona, foge e transfere a oportunidade de realizar, assumindo as conseqüências naturais que advirão. Dirás que realizarás o mesmo além, depois. Talvez o faças, possivelmente, não. Quem se acostuma a desertar, mais dificilmente permanece, quando chega o momento do testemunho, que jamais deixa de ocorrer. Faze um compromisso contigo e entrega-te a Deus, perseverando na realização que enfrenta os fatores infelizes deste instante e dedica-te a modificar as paisagens inditosas que predominam nesta hora histórica de dor. Desistir, nunca! 
 
Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis / Livro: Receitas de Paz

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