24 setembro 2011

CONVITE À PALAVRA.

 
                      
“... Porque a sua boca fala o de que está cheio o coração.” (Lucas: 6-45.)
Instrumento valioso é a palavra, doação divina, para o elevado ministério do intercâmbio entre os homens. Resultado de notáveis experiências, o homem nem sempre a utiliza devidamente, dominado pela leviandade. Embora o ser humano, com raras exceções expiatórias, seja dotado de recurso vocálico, somente poucos dele se servem com a necessária sabedoria, de modo a construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas de segurança. Fala-se muito por falar, “matar-se o tempo.” A palavra, não poucas vezes, se converte em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência, em bisturi da revolta e golpeia às cegas ao império das torpes paixões. No entanto, pode modificar estruturas morais, partindo dos ensaios da tolerância às materializações do amor. Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras dirigem conflitos, equacionam incógnitas, resolvem dificuldades. Falando e lutando insistentemente, Demóstenes tornou-se o insigne orador e construtor de conceitos lapidares dos tempos antigos, vencendo a gagueira, qual Webster ante a timidez, nos tempos hodiernos, na América do Norte... Falando, heróis e santos reformularam os alicerces da idiossincrasia ancestral, colocando alicerces para a Era Melhor. Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões enceguecidas que se atiraram sobre as Nações inermes, transformando-as em ruínas por onde passeavam as sombras dos sofrimentos humanos... Guerras e planos de paz sofrem a poderosa força da palavra. De tal forma é importante, que os modernos governantes do Mundo, envidando esforços titânicos, modificaram as bases da Diplomacia Universal, visitando-se reciprocamente para conversar. A palavra, todavia, deve partir das fontes do pensamento laurizado pelo Evangelho. Há quem pronuncie palavras doces, com lábios tisnados pelo fel; há quem sorria embora chorando; há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio... Mas esses são enfermos em demorado processo de reajuste. Desculpa a fragilidade alheia, lembrando-te das próprias fraquezas. Evita censura. A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno. Se desejas educar, reparar erros, não os abordes estando o responsável ausente. Toda palavra torpe, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz. Enriquece o coração de amor e banha o cérebro com as luzes da misericórdia divina e da sabedoria, a fim de que fales, e fales muito, “o de que está cheio o coração.” 
 
 Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis / Livro: Convites da Vida

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