19 outubro 2011

SIMPLICIDADE


                                  CONVITE À SIMPLICIDADE.

“Considerai o lírios...” (Lucas: 12-27.) Complementos e atavios representam não poucas vezes dispensáveis adornos. Como o excesso em uns é escassez noutros, onde abundam complexidades rareiam sensatez e equilíbrio. O belo exterioriza-se em aura de harmonia e a força da beleza reside na discrição da simplicidade. A sabedoria consiste em apresentar com simplicidade os mais complexos conceitos, utilizando-se de expressões fáceis. Supõem muitas pessoas que as construções verbais gongóricas, em que abundam verbetes inusuais, revelam conhecimento. Verdadeiramente tal comportamento reflete exibição de linguagem com prejuízo da clareza na informação. A vida moderna, com as múltiplas facetas em que se apresenta, constringe o homem, tolhendo-lhe muito da espontaneidade, engendrando fugas psicológicas à realidade, que funcionam como drenos à emoção sobrecarregada de tensão e ansiedade. Simples, pulcras, são todas as coisas de elevada grandeza e de alto sentido espiritual. Os homens que se notabilizaram nos diversos campos do conhecimento humano e se revelaram protótipos da beleza espiritual nas artes, na filosofia, mártires da fé e heróis da renúncia, se fizeram caracterizar e se engrandeceram através da simplicidade, envergando as vestes da humanidade. Os utilitaristas estão engajados nos grupos dos oportunistas e se mascaram com artifícios superficiais, impressionando pelo exterior, todavia, vazios de conteúdo e valor. Vencem pela força incapazes de se vencerem a si mesmos. Arrimados à petulância tornam-se violentos e sem qualidades morais legítimas preferem ser temidos por total impossibilidade de se fazerem amados. Constituem as classes dominadoras, transitando pelos estreitos corredores de tormentosas frustrações, que não raro terminam na porta falsa do suicídio direto ou indireto. Resguarda-te na simplicidade. Evita as aparências fulgurantes e malsinadas. Reflete na lição do Senhor em torno dos lírios do campo e sua beleza comovedora, insuperável, medrando a esmo, do lodo, exteriorizando aroma penetrante. Ele próprio, Nosso Divino Senhor, cantando e vivendo as excelsas belezas do Reino Celeste, se utilizou da simplicidade de tal modo que o Seu Evangelho continua como hino de luz tecido com as melodias inspiradas no povo simples e sofredor de todos os tempos.
 Divaldo Pereira Franco / Joanna de Ângelis / Livro: Convites da Vida



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